2011/07/04

Câmaras devem milhões em água


As 16 câmaras municipais da região deviam à empresa Águas do Algarve, no final de 2010, cerca de 41 milhões de euros por fornecimento de água. Dessa importância, cerca de 32,6 milhões são dívidas antigas e apenas 8,3 milhões de passivo ainda não vencido.

Albufeira, com uma dívida de quase sete milhões (6,9), Loulé, com mais de cinco milhões (5,5), Olhão, com 4,8 milhões, Faro (Fagar EM), com 4,669 milhões, e Vila Real de Santo António, com 3,8 milhões, são as autarquias mais devedoras.

Joaquim Marques Ferreira, presidente do Conselho de Administração da Águas do Algarve, numa mensagem inserida no Relatório e Contas de 2010, reconhece que "as dívidas das autarquias são o principal problema da empresa" e alerta que "a curto prazo terão de ser tomadas medidas excepcionais, com vista a acautelar a situação financeira, caso esta situação permaneça inalterada".

Desidério Silva, presidente da Câmara de Albufeira, justifica as dívidas com a "significativa diminuição de receitas da autarquia", lembrando que há empresas que devem à edilidade dezenas de milhares de euros de água. "Não podemos fechar um hotel por incumprimento do pagamento da água", esclarece o autarca, que diz preferir "dialogar com esses devedores e tentar o pagamento com amortizações planeadas".

Seruca Emídio, edil de Loulé, garante que a elevada dívida do seu município no final de 2010 se deve ao facto de ser um concelho com alto consumo de água. "Se atrasarmos dois meses, temos logo uma factura alta, mas liquidámos, em 2011, cerca de dois milhões de euros", garante.

Francisco Amaral, presidente da Câmara de Alcoutim, que é excepção, com apenas 14 496 euros em dívida e ainda não vencida nas contas de 2010, refere que "o segredo é estender a perna à medida do lençol" e considera "imoral cobrar água aos munícipes e não pagar à empresa fornecedora do serviço".

PRESIDENTE DA EMPRESA NÃO ESTÁ NA REGIÃO

A Águas do Algarve despende 269 767 euros por ano em ordenados para os três administradores da empresa. O presidente do concelho de administração, Joaquim Marques Ferreira, ganha 93 129 euros/ano e não tem carro atribuído por não residir na região, sendo também administrador de outras empresas. "Desloca-se cá apenas para as reuniões do executivo", disse fonte da Águas do Algarve.

Os dois vogais executivos da administração, Artur Ribeiro e José Mestre, recebem 88 319 euros por ano, cada um, em ordenados. Têm ainda direito a um subsídio anual de refeição no valor de 1550 euros. A cada um destes dois vogais está atribuído um BMW 318 td, com matrícula de 2010.

Fonte: Correio da Manhã (04.Julho.2011)

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