2012/06/14

A OCDE dá um murro no estomago dos mentores da austeridade pela austeridade!


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no seu Outlook dedicado à economia portuguesa deu uma forte machadada no discurso da austeridade pela austeridade.

 Surge como óbvio que a receita da austeridade não está a dar os resultados que os seus mentores esperavam. A teoria que a austeridade conduz necessariamente ao crescimento, tese de manual de economia mas ainda não demonstrada na prática, mais uma vez não se comprova. Na vida real são as famílias e as empresas a senti-lo e a sofrer as suas consequências, no âmbito das previsões e projeções é agora a OCDE a confirmá-lo.

Diz-nos a OCDE que economia portuguesa, no presente ano, apesar da austeridade não irá atingir a almejada meta dos 4,5% de deficit público conforme previsto pelo governo.


Mas para melhor se perceber quanto desajustadas estão as previsões governamentais vejamos: temos um governo que prevê, para 2012, uma contração do PIB de 3% e em 2013 uma retoma de 0,9%. Contudo, a OCDE vêm agora dizer-nos que afinal não será assim, teremos uma recessão 3,2% do PIB em 2013 e em 2014 a recessão continuará com uma contração 0,9% do PIB.

Afinal o crescimento não está para chegar!

Mas pior do que isto tudo é o desemprego, essa chaga social, continuará a crescer, atualmente já ultrapassa os 15%, mas irá chegar em 2013 aos 16,2%, mais 2 pontos percentuais que a previsão governamental. 

Estes dados crus e duros mostram-nos, de forma evidente, a urgência de mudar de rumo.

Mas se o país está assim, o Algarve não está melhor. O desemprego na região é galopante, estamos hoje na casa dos 20%, um número impressionante!

É no Algarve que se situam os concelhos do país com maior desemprego. Albufeira chega aos 24% de desemprego e é seguida neste ranking negro pelos principais concelhos turísticos da região.

Para agravar ainda mais o cenário de crise temos a natureza precária e sazonal do emprego no Algarve, a qual decorre do modelo económico regional e que urge ser repensado.

Políticas ativas de crescimento económico, as únicas suscetíveis de gerar emprego, têm de ser implementadas, assim como a economia precisa de recursos, as empresas não podem continuar a ser asfixiadas pela falta de acesso ao crédito.

O crédito não pode continuar a estar disponível só para as grandes empresas públicas e para os grandes grupos económicos. As pequenas e médias empresas, que são a base do nosso sistema produtivo, facto que ganha especial acuidade no Algarve, são preteridas todos os dias no acesso ao crédito, estão exauridas de tesouraria e sem recursos financeiros para o investimento.

Sem investimento não pode haver crescimento económico, sem crescimento económico não há criação de emprego. Este ciclo de empobrecimento para onde nos estão a conduzir tem de ser quebrado.

É urgente mudar, no país e no Algarve!

Fernando Anastácio

(empresário e militante socialista)

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