2012/02/03

Promoção versus animação ou antes conhecimento versus ignorância…

De Madrid chegou-nos a notícia, o Allgarve vai ser extinto!

O mensageiro foi a Sr.ª Secretária do Estado do Turismo. Sem prejuízo da falta de elegância que é dar uma notícia destas em Madrid, sem previamente informar os operadores do sector, públicos e privados, ou seja, aqueles que no passado foram parceiros e financiaram o programa, importa analisar a oportunidade e o mérito da decisão.

O pretexto invocado foi que esta não seria a forma mais correcta de promover o Algarve.

O Allgarve, programa lançado em 2007, ao longo de 5 anos, teve por objectivo a valorização turística da principal região de Turismo do país, constituindo-se como um elemento qualificador da região e foi uma oportunidade para se gerarem conteúdos com um elevado valor acrescentado.

Estribado numa colaboração entre governo, através da Secretaria de Estado do Turismo e do Turismo de Portugal, Turismo do Algarve, Câmaras Municipais e privados, experiência e modelo que não são únicos, permitiu garantir à região, durante 5 anos, uma oferta cultural e de entretenimento, com expressão na música clássica, no pop, no jazz, nas artes plásticas, no desporto, na animação de rua e na gastronomia, oferta digna de um destino maduro como o Algarve e que muito contribuiu para reforçar a imagem da oferta turística regional.

Apesar de algumas incompreensões e polémicas a respeito da sua designação – Allgarve - mais fruto de algum pretenso regionalismo, assaz bacoco e provinciano, o Allgarve conseguiu ser a única marca que se afirmou neste passado recente, no sector e na região.

Pôr em causa 5 anos de trabalho e de investimento, ao longo dos quais os operadores públicos e privados investiram mais de 20 milhões de euros num programa regional de animação, não é uma forma sensata de gerir e salvaguardar o portfólio da região.

Este anúncio precipitado, no momento em que era conhecido que iria ser apresentado o estudo de avaliação do programa efectuado pela Universidade do Algarve, mais não parece que uma manobra apressada dos detractores do programa que, conjugados com quem ainda não percebeu a realidade do sector, se encarregaram de dar mais uma machada na região e no Turismo.

O Algarve e o Turismo foram desrespeitados com esta decisão, tanto pelo seu conteúdo como pela sua forma. Não é admissível que quem tem responsabilidades no sector confunda promoção com animação, tais conceitos são complementares e não conflituantes.

Que o programa pudesse ser reequacionado seria plausível, mas sempre no sentido de uma maior ambição, isso sim, seria de louvar, mas da prática costumeira em acabar com algo só porque não temos a sua paternidade, não se conseguem libertar alguns dos decisores políticos.

A exigência da manutenção de um programa de animação na região, que permita valorizar o nosso produto turístico é um imperativo e é uma causa em que todos os operadores regionais, públicos e privados, têm de estar empenhados. Todos temos a responsabilidade de não regredir e de criar condições para que o Algarve, enquanto principal região turística, continue a dispor dos meios necessários para se afirmar num mercado cada vez mais competitivo e concorrencial.

Uma última nota, num sector tão estratégico para o país como o Turismo, como concorrencial, onde as oportunidades se conquistam/aproveitam todos os dias, não temos tempo para experiências e para aqueles que com responsabilidades ainda estão a aprender ou, para aqueles que nunca aprenderão….
in barlavento, 02.Fev.2012

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